segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Internautas da capital federal aderem à febre do Twitter




Internautas da capital federal aderem à febre do Twitter
Elisa Tecles

Responder à pergunta: “O que você está fazendo?” é o ponto de partida para entrar na rede social que estourou no Brasil este ano, o Twitter. Os usuários da novidade têm poucas linhas (apenas 140 caracteres) para dizer onde estão, o que fazem ou o que pensam naquele momento. As respostas podem ser lidas por qualquer pessoa e essa é a intenção: divulgar uma ideia mundo afora. O brasiliense aderiu à febre do microblog — cerca de 1,5 mil usuários da rede afirmam morar na capital federal. Uma pesquisa pela palavra Brasília revela 93 páginas que levam o nome da cidade no título ou na descrição.

Os twitteiros de Brasília escrevem de tudo, inclusive relatos sobre a rotina, dicas de sites interessantes e discussões ligadas à cidade. Quando decidiu criar uma página no Twitter, o estudante de publicidade Edson Sousa Jr., 20 anos, optou por falar sobre restaurantes e serviços oferecidos na capital. Ele vai ao local e avalia preço, qualidade, ambiente, cordialidade e outros aspectos do estabelecimento. Edson publica a opinião e ela é disseminada para 196 pessoas (número de leitores da página até a noite da última sexta-feira). O Twitter do estudante foi batizado de @ocliente (todos os nomes de páginas da rede são precedidos pela @).

Edson entrou no Twitter depois de notar que os amigos estavam vidrados na nova ferramenta, no fim do ano passado. “A ideia era postar no Twitter o que saísse no meu blog, mas ele acabou se ampliando e começou a ter conteúdo próprio”, disse o estudante. Edson passou a abastecer a página com dicas de estabelecimentos comerciais da cidade e ganhou seguidores. “É a visão de um consumidor comum, que quer produtos bons e baratos. Eu vou aos lugares e sou muito exigente, percebo o tratamento, os preços”, explicou. Além dos restaurantes, ele fala de laboratórios, academias, clínicas veterinárias e qualquer outro lugar que entre na rotina. O autor do @ocliente procura incluir pelo menos um texto por dia na página. “É assim que você sobrevive no Twitter. Sem postar, você fica sumido”, completou.

O uso do Twitter para divulgar dicas da cidade vem ganhando adeptos. Há três meses, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) lançou uma página para avisar aos leitores sobre exposições e mostras de filmes. Sempre que uma novidade aparece na programação, os seguidores são lembrados. “Tínhamos a preocupação de colocar conteúdo relevante nesse canal. Falamos que é o último dia de uma exposição, que daqui a uma hora começa uma sessão de cinema. É uma dinâmica específica”, disse o gerente de internet do Banco do Brasil, Maurício Bichara. O @ccbb_df contava com 1.411 seguidores na noite de sexta-feira.

Endereços candangos
Conheça alguns twitters escritos por gente de Brasília:
» http://twitter.com/deboabrasilia
» http://twitter.com/agendabsb 50anos
» https://twitter.com/BrasiliaDF
» http://twitter.com/ocliente
» http://twitter.com/odeio
» http://twitter.com/ccbb_df

Em duas semanas, 400 seguidores

A cultura no DF é o centro de interesse do Twitter da professora da Universidade de Brasília (UnB) Beatriz Salles, 44 anos. Ela lançou a página @agendabsb50anos há duas semanas para discutir a criação de políticas culturais e o aniversário de 50 anos da cidade. “Usamos o Twitter com o objetivo de sensibilizar a população para a cultura do DF. Ele é um boom no mundo todo porque é de fácil manuseio e a mensagem deve ser direta e concisa”, afirmou Beatriz. A professora usa diversas ferramentas oferecidas pela internet, como o Orkut e blogs, para promover a comunicação entre pessoas interessadas no tema. “Queremos falar sobre a questão do aniversário em si e repensar o que é Brasília e as condições de trabalho da cultura em todas as cidades do DF”, ressaltou. A página reúne quase 400 pessoas, inclusive estudantes, artistas, pesquisadores e representantes da Câmara Legislativa.

A graça do Twitter é que ele tem a utilidade definida pelo autor da página. Pode ser um relato de ações cotidianas, um espaço para debates e críticas calorosas, a divulgação de uma ideia qualquer, ou mesmo para desabafar. O publicitário e aluno de mestrado da UnB Josaías Cardoso Ribeiro Júnior, 30 anos, escolheu a última opção. Criador do @odeio, ele começa a maioria das frases com o verbo na primeira pessoa do singular. Entre as últimas reclamações do estudante, estão “@odeio quem inventou o design dos abadás”, “@odeio quando ganho camisas e elas não cabem em mim” e “@odeio a nova gíria ‘mara’”.

O excesso de rabugentice não incomoda os quase 200 seguidores. “As pessoas sempre dizem que eu reclamo demais e é verdade. Pensei: por que, em vez de guardar, eu não registro as pequenas irritações do dia a dia? Quem sabe não encontre pessoas que concordarão? E sempre tem alguém que concorda com um ou outro ‘odeio’”, afirmou. Os leitores não só concordam, como reproduzem as opiniões de Josaías em suas próprias páginas no Twitter. A ação de copiar o pensamento de um twitteiro (com os devidos créditos) ganhou até nome: retwittar. O publicitário encara o site como uma maneira de exercitar a criatividade e a escrita, por isso não pretende abandoná-lo tão cedo. Pelo visto, os leitores continuarão a se identificar com reclamações sobre trânsito, reuniões de trabalho, aviões e outros elementos que acabam com o humor de Josaías.

A estudante Juliana Carvalho Barros, 17 anos, alcançou a marca de 50 posts em um único dia no Twitter. A dona do @JuCarvalhoo é uma das mais populares de Brasília, com quase 2 mil seguidores. Ela usa a ferramenta para trocar recados e divulgar links de sites interessantes. “Às vezes, eu posto um link que achei legal, jogo conversa fora ou falo o que estou fazendo. Sou viciada no Twitter, todo dia estou lá”, revelou. Quando vê algo diferente na rua, Juliana recorre ao celular com acesso à internet para expor seu pensamento.

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