quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Com futuro incerto para sua sede, MAB tem acervo armazenado em más condições


Há mais de dois anos com as portas fechadas por problemas estruturais, o Museu de Arte de Brasília (MAB), localizado no Setor de Hotéis e Turismo Norte (SHTN), tem alocado suas cerca de 1,3 mil obras no Museu Nacional. Sem previsão de reforma pela Secretaria de Cultura e com uma audiência pública para decidir seu futuro hoje à noite, os US$ 8 milhões em obras do acervo do MAB juntam poeira numa sala do museu federal, encaixotadas ou meramente encostadas nas paredes, onde dividem espaço com pias desativadas.

Segundo o diretor do MAB, Glênio Lima, o acervo do museu foi transferido temporariamente para a realização das obras no prédio, interditado em 2007. As obras não foram realizadas até então. Como paliativo, a Cultura tenta resolver alguns dos problemas com a anunciada audiência, às 19h de hoje, no auditório da Biblioteca Nacional.

O secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, não se pronunciou sobre o caso, mas deve responder perguntas da imprensa hoje. Segundo a subsecretária de Políticas Culturais do DF, Ione Carvalho, o motivo da transferência das peças para o Museu Nacional é para que o MAB tenha oportunidade de "tornar-se referência nacional". No entanto, não foi a cena que a reportagem do Jornal de Brasília observou na tarde de ontem, quando não encontrou uma obra sequer do acervo do MAB exposta e ainda armazenada em condições precárias.
As obras estariam, segundo Ione, em processo de recatalogação. Enquanto isso, são mantidas apoiadas nas paredes da sala ou guardadas em caixas de papelão. O museu aguarda a chegada dos trainéis (quadros metálicos utilizados para armazenar pinacotecas) para organizar as obras.
Questionada sobre o acervo não estar exposto e ter perdido sua sede, a subsecretária explica que as obras tiveram que dar lugar a uma outra exposição. "O acervo pertence à Secretaria de Cultura. Quando ele for incorporado ao Museu Nacional, será exposto permanentemente em galeria que exibirá de onde as obras vieram", garante.
Funcionários que trabalhavam em parte das obras em uma sala do Museu Nacional declararam que 15 exposições formadas pelo acervo do Museu de Arte de Brasília foram realizadas e que, no momento, não há revisão para novas mostras.
Comissão:
Ione Carvalho explica que uma comissão foi formada para analisar tecnicamente os prós e contras da fusão entre o MAB e o Museu Nacional e dialogar com a comunidade os pareceres. "A secretaria vai abrir o leque de opções, a população é quem vai escolher", diz.
Glênio Lima ainda lembra que o projeto de reestruturação o prédio do MAB está pronto e em fase de finalização junto ao Executivo. "O prédio não tem estrutura museologicamente’ falando", explica ele,que é complementado por Carvalho: "algumas obras precisam de espaço para serem apreciadas e analisadas".
A ideia da fusão para Glênio Lima parte do princípio de reforçar o patrimônio. "Um museu complementa o outro, inclusive com acervo compartilhado." À espera de uma decisão o futuro do MAB está nas mãos da comunidade.

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